sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um postal do Subsolo

Hoje recebi uma nota de pagamento para um Imposto de Utilização do Subsolo.

Pergunto-me que uso é este que lhe dou e que não sinto ser mais do que um trepidar de passos cá em cima, numa ressonância surda agora portajada pelo interior da terra.
Ainda que me tenham explicado o sentido desta taxa (como se fizesse sentido esta taxa), não consigo deixar de me imaginar toupeira importunada por cobradores de caterpillar.
Mas eu, que ultimamente pouco paro em casa, nada ando de metro, e de elevadores em trânsito para caves e sub-caves só esporadicamente necessito, encontro fugaz sentido em semelhante imposto apenas para quando bater botas e destroçar.



E mesmo nessa altura também só o pago ao cobrador que se apresentar a sete palmos de terra, vestido a rigor e de livrinho dos deves e haveres na mão, para tirar teimas. Mas para já, recuso-me a taxar os fossos dos castelos de areia que construo na praia, as covas abertas para o jogo dos guelas ou as pegadas que deixo quando vinco o chão caminhando em protesto.