segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Um postal de Natal

Vi o Pai Natal no mastro de um navio.
Olhava intrigado a magra chaminé, aquele tubo esguio, sem saber como entrar ou pôr-se na gávea de pé.
A certa altura calculei que não fosse lhe estranha a embarcação, e que sentado no alto, desse uma ou outra indicação.
Não sabia que vinha por mar, o Pai Natal directamente da Lapónia e atracasse em Lisboa, para os lados de Santa Apolónia.
Não vi prendas no convés, antes três ou quatro gaivotas com ar feliz. Esticavam as penas, as saias com godés e riam-se com sonoros pis-pis-pis.

Ó Pai Natal, o que me trazes tu no porão do teu navio? Uma bota rota e um sapato? Uma vela sem pavio?
Uma rosa sem cor? Lugares-comuns para me sentar. Conversas boas, músicas que sei de cor, um boião e dentro, o mar.
Uma casa, um terraço, um jardim, peluches desbotados na varanda, um casaco em tons de jasmim e um carro que não anda.



Uma fábrica de acordeões ou uma sirene para tocar, na sacola farinha e limões para fazer bolos ao jantar.
Com o vento frio na cara, uma caminhada à beira mar a pensar que enchi de tralha o navio e fiz o Pai Natal afundar…

1 comentário: